quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Cumulus nimbus

Hoje o dia amanheceu nublado. Umas pessoas reclamaram da chuva fina, outras agradeceram pela folga do sol e algumas sequer pestanejaram. As que reclaram até entendo, afinal é verão no Rio de Janeiro. Mas eu gosto de dias nublados. Podemos ser nós mesmos, sem a exigência de um dia feliz na praia que o sol e o céu azul nos pedem. Temos a chance de ficarmos tristes sem alguém perguntar o porquê, o tempo é uma forma de desculpa. E eu gosto do frio. Podemos ficar juntos, agarradinhos, embaixo do edredon tomando chocolate quente. Podemos ser preguiçosos. E por mais que digam que o frio deixa tudo triste, eu posso ser feliz nele e abrir meu própio céu azul.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Ciúmes

Eu tenho ciúmes de quem eu não falo.
Ciúmes de quem eu não vejo.
Ciúmes de quem eu não toco.
Ciúmes de quem eu nada compartilho.
Ciúmes de quem eu não tenho.

Mas tenho.
Mas só porque, no meu mundo, aquela pessoa é só minha.
Minha e dos poucos e bons.

Acho que meu ciúmes se chama falta.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Busca-se um sentimento palpável

Estranho.
Toda vez que escrevo,
transcrevo um sentimento.
Mas nada sinto.
Minto!
Sinto um enorme vazio,
como se houvesse salão
espaçoso e amplo em meu coração,
mas as pessoas se foram
e valsa já não há.
Quisera eu algo sentir,
para poder escrever,
e assim conseguir
nada mais daquilo sentir.
Acho que mantenho um vácuo,
tão só, sozinho
em busca de alguém (ou de algo)
que nunca chega.
Estranho ele, o sentimento,
que não sei o que é,
sei que está lá.
Sei que não gosto,
e que quero sentir além.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Anatomia das palavras

Há tanto tempo procuro alguém para dar as mãos.
Procuro na mão do tempo um alguém, há tanto para dar.
Alguém: Há tempo, procuro dar tanto a mão assim.

Mas nem sempre é necessário somente as mãos. Muitas vezes precisa-se dos braços, do corpo inteiro. Ou só da mão que lhe dê um coração.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Não me ligue mais

"Não me ligue mais”.Pronto, acabou. E agora, meu Deus do céu?

Parecia um carro que perdera o freio e batera no muro. E o motorista, embora vivo, estava desolado por ter perdido tudo. Mas desse acidente não houve vítimas, a não ser um coração partido. Ele, que sempre esteve no comando, sendo minha bússola, estava perdido. Era como se estivesse no caindo numa queda livre, sem saber quando iria tocar o chão, embora já se sentisse esborrachado.

Nunca fui muito de sofrer por amor. Mentira. Quem me conhece sabe que por trás da carapuça dura, esconde-se um alguém cheio de aflições. Mas acho que em todos os meus romances nunca levei um baque desse tipo. Sempre emendei um amor no outro, o que me deixava, de certa forma, mais segura, não sentindo tanto o fim. Mas dessa vez foi diferente.

Eu havia me acostumado a essa pessoa. Era algo normal, uma história como outras tantas de pessoas que se conheciam há muito, mas só se reconheceram depois de tanto tempo. Aquela pessoa era pra mim, àquele momento, tudo. Parecíamos quase casados, embora ainda fosse algo secreto. E eu havia aprendido a gostar muito dele. Às vezes, é preciso aprender a gostar de quem gosta de você.

Os dias eram os dias e nós sempre perto. Claro que de vez em quando tínhamos nossas espetadas, mas normal. Até um dia em que recebi dele um "Não me ligue mais.". Fiquei perplexa mediante a frase. Ela vinha do nada, do além, era como se tivessem vindo de outro mundo e escrito aquilo. Era impossível! Minha agonia se contorcia cada vez mais a partir do momento em que tentei ligar para ele e não obtinha resposta. A paralisia do medo só não me impediu de uma coisa: de chorar.

Por mais que nunca tivesse percebido o quanto gostava dele, me senti como um cão de beira de estrada, abandonada. Acho que precisava disso para saber o quanto gostava dele e, vendo isso, não me senti digna dele. Aquele que sempre me amou precisou fazer isso para que eu percebesse que estava me apaixonando loucamente por ele.

Por fim, ele me atendeu. Alarme falso, continuamos nossas vidas. Ele nunca mais tocou no assunto, só disse uma frase - "Não me senti digno de te ter, és muito para mim.". "Eu que não te mereço, meu amor" - pensei. E foi assim, com um grande impacto sobre mim e o amando cada vez mais, que continuamos. Mas não sei se foi dessa vez que aprendi.

Uma vez teimei em acreditar que tudo que tinha amor era infinito, pobre de mim. Mas não me culpo e nem culpo a quem me ensinara - ele estava certo. Se está tudo certo, os dois estão felizes e o mundo gira em ordem, por que não ser? Acredito que o infinito seja uma questão de perspectiva: o amor é infinito, só muda a direção. Basta saber seguí-lo ou não.