domingo, 25 de abril de 2010

Porre

Porque, às vezes, somos obrigados a tomar uma taça de realidade. Uma taça não, um gole já é tão devastador que nos faz manter o pé no chão. E isso é um banho de água fria.

sábado, 24 de abril de 2010

Caro Leopoldo,

vou tentar ser breve e contar-lhe tudo sem rodeios. Desde o começo, sabia que não íamos dar certo - você, enérgico; eu, assim. Posso inclusive dizer que desde a primeira vez que nos vimos, comentei com aquela minha antiga amiga ''isso não vai prestar''. Lembra-se daquela minha amiga, caro Léo? Ah, que menina! Se soubesses a história que tivemos depois de nossos encontros, ficarias comovido! Pois bem, chega dessas caraminholas que só servem para estender esta carta - que tinha como objetivo ser um telegrama, mas as tarifas estão muito altas - que vai ao teu encontro daqui a pouco. Conhecemo-nos pouco, mas o bastante para eu saber o quão ativo eras: gostavas de correr, escalar, brincar com as crianças, gostavas de sair! Eu não. Sempre idealizei aquela minha vida bucólica - porém no centro de Ipanema -, à dois, a cuidar de meus pequenos, sempre bem preguiçoso. Conseguíamos, sim, ficar alguns minutos a conversar sobre comes e bebes - e que paladar o nosso, hein? - mas nada além disso. Hoje, digo que estava certo ao dizer, há muito tempo, que não poderia ter um companheiro como ti, por mais que gostasse. Estava certo ao dizer que não poderia ter um fox paulistinha.

Até mais ver,
Matheus

PS: digo-lhe, com muita honra e felicidade, que não esqueci qual era o seu doce preferido, meu amigo, e, por isso, estou a enviar um pacote de seus chocolates prediletos dentro desta caixa.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Minha oliveira

E em meio a tantas, me sinto só. Às vezes, quero ficar junto de todas; outras, quero sair xingando a todos. E, quase sempre, me sinto triste e sozinha. Sempre me disseram que o excesso faz mal - e eu sempre ignorei. Talvez por achar que pessoas, sentimentos e sensações demais nunca fizessem mal. Pobre eu.

Mas eu me sinto bem com tantas. Ou melhor, me sentia. Atenção: eu me sentia. Pretérito imperfeito do indicativo. No começo, não machucava tanto a mim, machucava mais a elas - eu ignorava. Acho que quando gostamos, devemos cuidar e nos importar, e não era o que eu estava fazendo. Sempre gostei de me contradizer. E, assim, daquele pé de olivas eu fui extraindo todo o azeite possivel - até todas as azeitonas secarem.

No entanto, esse gosto me deixou sozinha. Quando a fratura se tornou exposta, elas foram embora. Então, fui perdendo e me perdendo. Enquanto vivia em guerra com uma, a única, perdi. Enquanto estava com os outros que não eram meus, perdi exatamente por isso.

Agora ando pelos cantos só e acompanhada do meu ipod. Meu CD 4 que tanto já cansou de rodar é a única forma que encontro de me (re)encontrar - ou pelo menos tentar. Talvez seja melhor parar por aqui e começar tudo do zero. Ou quem sabe insistir e continuar nessa situação onde o conflito externo já se foi embora faz tempo, mas o interno não cessa por nada. Mas vou levando, que alguma hora eu decido o que é melhor. Embora eu nunca faça aquilo que é melhor pra mim.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Quase lá

Estou nervosa.
Hoje é quase sexta.
Domingo é dia de futebol.
Imagens e listras preto e branca me sobem a cabeça de um jeito que eu não Posso impedir.
Respiro.
Agora já era.
Ingresso na mão.
Fim de semana tá aí.
Domingo é maraca.


PS: e deu certo.

Diversificando

"Você tá muito apaixonadinha, mana!"

É, tive que ouvir isso de duas pessoas. Realmente o blog está um pouco amor demais, se eu for parar para pensar. Tenho até vários outros textos que falem de algo senão amor, mas os que são bons, os que eu mais gosto de pôr na hora que me dá na telha, são os de amor. Mas vou diversificar um pouco.

Prometo.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Ponta do abismo

Durante muito tempo eu tentei lutar contra. Talvez tua presença em meu mundo fizesse de ti algo tão comum a ponto de eu achar que um amor não pode ser encontrado assim, olhando pro lado. Ignorava as sensações que tinha perto de ti - talvez mais fortes do que as que hoje sinto. Sentia um tremor e uma paz que as pessoas facilmente catalogariam de amor, mas guardava só pra mim, por medo (ou vergonha?). Você me chamou tantas vezes para conhecer-te, tocar-te, amar-te, e eu, tola, recusei.

Até hoje acho incrível o modo que aguentaste tanto tempo a minha espera! Acredito que, no fundo, sabias o que eu realmente sentia, porque, admito, muitas vezes demonstrei isso. E você tantas vezes a falar comigo, insistir, pedir gritando no silêncio de seus olhos. Acredito que se você fosse mandar uma carta a mim naquela época ela seria algo como:


"Minha cara,

sabes que te amo (e sabes que sou direto). Que procuro sempre sua companhia, um toque, um olhar carinhoso, mas, por favor, não penses que sou um ursinho de pelúcia. Sempre quis conhecer-te melhor ou passar mais tempo com você de uma forma que eu sentisse que estivesse sendo recompensado pelo que estava lhe dando - mas isso nunca aconteceu. Infelizmente, ao seu lado, me sinto um substituidor. Assim como no filme "Tudo acontece em Elizabethtown": substituidor por só ser importante quando outros não estão ou, pior ainda, substituível por você me substituir facilmente. Pena que penses assim. Gastei tanto tempo cultivando esse amor por achar que éramos tão iguais, tão próximos e tão possíveis que esqueci que você não sou eu. E sendo você parte de mim, mesmo sem saber (agora já sabendo), foi/é/está sendo muito mais difícil te deixar de lado. Todo aquele tempo que desperdicei não faz mais tanto sentido para mim, mas acho que você ainda pode sair dessa dura carapaça e vir pra mim. Somos amigos, estamos juntos - comemos juntos, viajamos juntos, saímos juntos - o que mudaria tanto na sua vida? Digo que nada mais me prende nesse Rio de Janeiro e nesse Brasil a não ser você. E agora dou meu passo final em direção ao precipício: esta carta. Posso receber um sim, me tacar do penhasco em sua direção e ter a vida toda para aproveitar. Mas posso também receber um não, recuar um passo, mudar de vida. Mas mesmo assim terei a vida toda, só que desta vez sem você.

                                                                                                                                                   De quem te ama"


Talvez você esteja se perguntando porquê ainda falo disso. Talvez já tenha recuado o seu passo e tido a coragem de mudar sua vida - para melhor. Talvez já tenha até morrido e eu escreva isso em vão, para um você errado. E o pior: talvez ainda se pergunte porquê eu disse não, se até hoje penso nisso. A questão é que hoje eu realmente me pergunto como eu fui tão cega a ponto de negar teu pedido - não era nada de mais, era questão de conhecimento.

 Hoje, meu caro, quem mandaria essa carta acima seria eu. Mas não posso mais arriscar: estou no fim. Se me disseres um sim, me arrependerei de não ter falado isso antes. Se me disseres um não, absorverei esse peso e carregarei até depois do fim.

E então guardo esse papel no bolso como algo que nunca existiu, pensando que alguém depois receberá esta calça e o achará. Torcendo para que esse alguém seja você. Nem que seja um você errado.

domingo, 11 de abril de 2010

183

Falar desses últimos 183 dias sem pensar em sorrisos largos, abraços apertados, beijos aconchegantes e, ao mesmo tempo, olhos vermelhos, não dá.

Mas o pior é pensar o que seriam esses 183 dias sem nada disso.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Lets make the kids love!

Amor é como dizem: poetizar.
Não sou poeta, mas tento
O que sobraria em mim senão o poetizar?
Não se engane: amor não me sobra
Amor me engole, me fere
E, nele, me entranho
Falando dele, falo de mim
Dizem-me que sou tola por falar de amor
Digo-lhes que tenho sorte em ser tola
Se não o fosse entenderia nem sentiria
Seria isso amor?
Prefiro falar e pensar
Debater, por que não?
Concluir, pensar, escutar
Ensinar, jamais
Transformar espertos em tolos.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Escolha certa

-Fiz bem?
-O que fizeste?
-Estou amando mais do que nunca amei..
-Promete-me que essa será a última vez?
-Prometo.
-Então fizeste.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Falha promessa

Prometemos nunca nos apaixonar. Seríamos como amigos homens, amigas mulher, um amigo gay ou uma amiga lésbica. Vivíamos juntos, dormíamos juntos. Os amigos, os mesmo. As viagens, as mesmas. As cervejas, as mesmas. E a amizade, sempre presente, se transformou num amor tenro e platônico, onde só nos bastava estar perto.

Mas não foi bem isso. A parte mulher e a parte homem falaram mais alto. O desejo, a paixão, o estar junto, também. Aquele amor, que antes era auto-suficiente, agora precisava da presença. Mas tudo continuou o mesmo. Amigos, viagens, cervejas - só o amor se modificou.

No fim, acho que só eu prometi. Prometi porque sabia que era capaz de me apaixonar por alguém que sempre me encantou - como sempre me aconteceu - e queria ver se eu podia ir contra essa lei minha. E nessa guerra eu contra eu, eu venci. Eu não, nós. Porque se há algo melhor do que amar alguém por quem se encanta e se conhece bem, por favor, me diga.