segunda-feira, 22 de novembro de 2010

This ever-changing world makes you give in.. and cry

Minha escrita não sai mais tão facilmente como antigamente. Tenho forçado-me a sentar numa cadeira e ficar horas olhando para as teclinhas do teclado esperando que algo venha a minha cabeça. Meus sentimentos estão cheios de um vazio estranho. Cabeça vazia é vasta de campos cultiváveis, e cheia é sem sentido; nunca sei qual preferir. Silêncio mesmo pra mim é um papel em branco. Não rabiscar nada significa o real não dizer da minha mente, já que, mesmo calada em voz, estou a falar em pensamento.

Não é nada confortável pensar que dentro de você há varias colunas esperando para serem preenchidas com o ditado do professor destino. Ele gosta de brincar de Deus e decidir o que acontece comigo - por que me colocou nessa situação? Sinto em mim a impotência do mundo. Não exatamente do mundo, mas a de todos nós no mundo. Por isso leio. É um dos únicos modos de eu verificar que tenho poder sobre minha vida, sobre as letras, linhas e parágrafos que leio. Mas nem isso chega a ser livre arbítrio meu, se eu estou lendo, alguém escreveu. Nada é uma decisão só minha. O mundo é feito de poucas pessoas que prestam entrelaçadas na dor de si mesma e daqueles que não prestam - os que dominam o mundo.

Por isso escrevo, também. E não tenho me importado se está confuso ou não. O mundo é feito de surdos por opção, que também sabem ser analfabetos quando querem. Então, escrevo aos que querem. É minha forma de tentar gritar a todos os pulmões sem precisar utilizar minhas cordas vocais, pontos de exclamação ou letras maiúsculas - um protesto sincero e bem escrito é capaz de ser mais ouvido do que trezentos decibéis. Dizem também que jogar pensamentos e sensações no papel são uma terapia para nossos sentimentos. Eu só ainda não sei se isso os estimula ou os diminui. Uma vez, li que só esquece-se uma mulher de verdade quando a transformamos em literatura. Pen, palpite errado. Minha paixão ficou ainda mais platônica e intensa quando eu resolvi jogá-la nas palavras. Mas, de tanto escrever, acabei esquecendo.

E por isso hoje me encontro desse jeito. Cheio de um enorme chumaço de vazio branco e denso, que até tem nome: solidão. Antes, quanto mais eu escrevia, mais cheia de palavras ficava. Elas brotavam de mim e iam criando forma, cor, nome.. independência! Elas simplesmente saíam de mim sem pedir permissão, sem que eu pensasse, sem que eu as sentisse. Mas eu as sentia! Elas eram reflexos da confusão e multidão de sentimentos que andavam pelo meu coração e minha mente montados em cavalos de adrenalina. E agora me pergunto: que sentimentos? No baque certeiro de algum movimento do universo, eu perdi tudo aquilo que me preenchia por dentro. Perdi o tesão por aquelas minhas coisas certas, perdi o encantamento de certos olhos, uma hora verdes, outrora azuis. Perdi as palavras.

Encantamento é tudo. Não há palavras que saiam sem o mínimo de idolatria, nem amor sem o mínimo de adoração às qualidades. Chego até a ficar com o pé meio atrás ao conhecer pessoas novas que me entendam e sejam parecidas comigo, já que tenho medo de que eu acabe me encantando e me apaixonando platonicamente de novo. Mas, se o mundo dá voltas e anda num ciclo vicioso sem fim, por que eu não seria assim também? Eu poderia ficar linhas e linhas falando sobre todas as dúvidas e desesperos que me cercam se isso fosse há um tempo atrás, mas eu não tenho mais palavras. O mundo me castrou e eu só retornarei a vida quando me encantar de novo, só retornarei às palavras quando algum sentimento se apossar das minhas entranhas e começar a contorce-las. Quando eu quiser chorar lágrimas que possam ser lidas.

5 comentários:

Luíza Oak disse...

Aliás, adicionei seu blog aos meus Snacks! ;)

Camila disse...

"Silêncio mesmo pra mim é um papel em branco."
concordo!


ei, pequenos creditos a mim nesse texto, huh, dona thais. hahahaha

F. Castelliano disse...

Lindo texto, adorei! =)

Thaís Varela disse...

"Encantamento é tudo!" nada mais certo...

Luíza Oak disse...

Ih! Pode crer! Haha.. Não tinha visto ;)