Vejo daqui de cima toda a plateia que me observa de suas respectivas janelas - algumas até do asfalto. Minha baixa altura nunca me permitiu ver o topo da cabeça dos outros, mas a vida me levou às alturas em pouco tempo. Sejamos sinceros: toda essa coisa de se equilibrar num parapeito é simplesmente uma metáfora dizendo como ser sincero pode te levar a loucura. E eu, mais do que nunca, posso afirmar sobre essa minha iminência no destino.
Observo olhares impressionados. As pessoas devem se esquecer que para se manter nesse abismo é preciso já muito equilíbrio, pois, do contrário, eu já estaria jazendo naquele asfalto duro. Aqui dentro há algumas e elas me chamam. Reluto e teimo em não ir - aqui fora me atrai mais. Eu sei que quando eles me chamam eles estão me amando. Quando querem me tirar do vento, do sereno e das chuvas de verão: eu sei que eles me amam nesses momentos. Querem me proteger, eu sei que querem o meu bem.
Quando eles tentam fazer com que eu sinta menos, me importe menos e vá colher flores com eles, eu sei que eles me amam e que eu tenho tudo pra ser como eles.
Mas acontece que sou triste.
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