Vai logo, você ainda não foi. Há muito tempo eu pedi pra você vir e ficar comigo pra sempre, mas você disse que o único pra sempre que faria seria o oposto. Agora eu peço: vá logo. É melhor pra mim, que vou me ver livre de você; e melhor pra você, que não será mal transposta pelas minhas palavras. Você é sórdida. Você sabe que eu nunca te tiraria do pedestal que um dia te pus. Sua imagem ainda vem a minha mente a cada conversa com amigas, seus olhos parecem brilhar na minha frente a cada passeio pela cidade e sua voz ecoa em minha mente durante os mais brandos momentos etílicos.
Você nunca foi minha, eu sei disso. Mas eu não sei se você sabe que o mundo em que eu sempre vivi não é esse aqui e que no meu mundo, você era minha, sim, e era a mais feliz de todas as mulheres. A mulher dos mais belos e garços olhos. Embora lá eu tenha vivido alegre, essa felicidade ainda não chegou aqui - e é a esse mundo que você pertence. E eu te perdi, ah, eu te perdi exatamente naquele momento em que eu mais acreditei que você poderia ter sido minha, que você cederia e viria para o meu lado: cheguei atrasada demais. Você já era dele. De novo.
Assim, você se foi. Mas um maldito pedacinho seu ficou cravado em minha mente e meus olhos e às vezes por metástase ele se aloja no músculo cardíado. Só que, você sabe, eu mudo mais que a lua e já acredito que esse pedacinho ter ficado foi uma boa ideia. Eu não suportaria a ideia de você ir. De eu ficar sozinha. De eu não gostar de ninguém. De eu não sofrer por ninguém. Aquela velha frase "tudo passa" é caquética. Tudo passa e você vira o que, cinzas? Eu seria alérgica a você e, convenhamos: essa é a última coisa que eu quero. Minha felicidade depende dos outros, seja meu sentimento e relação pelos outros qual foi - amor, dor. A ideia de que você um dia veio, aqui permaneceu me marcando a ferro e fogo por meses e num belo momento nada mais será é absurda. Ninguém vira nada, por menor que seja. E olha que você é igual uma joaninha.
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