De todo amor que existe, de todo amor que sinto, que vejo, que olho, que permeio, nada é real. Olho para trás e vejo tempos diferentes. Eu acreditava ser feliz naquela época. Sentimentos mais sinceros, dores mais fortes, palavras mais doces. As palavras ainda transbordavam de mim naquela época - hoje mal me alimentam. Dois anos de idade a menos e duas doses de felicidade a mais.
Mas nada do que um dia me fez feliz pode ser verdadeiro. Convenhamos: tudo isso é altamente sujeito a modificações. Nosso cérebro tem o sujo poder de modificar nossa memória para que passemos a acreditar que tudo tenha acontecido do jeito que quisemos. Se o dia é bom, o passado era péssimo e tudo progrediu a passos largos. Se o dia for ruim, sai de perto, que o nosso pretérito - principalmente o imperfeito - era perfeito.
Brinco de sentir saudades. Na verdade, segredo: nada sinto. O saudosismo de tempos diferentes e com menos preocupações me agrada, mas o presente é um futuro passado e eu sentirei falta dele. Nunca achamos que exatamente aonde estamos, aonde vivemos e quando estamos seja bom. Nenhum desses momentos que achamos que sentimos falta são reais, e exatamente por isso sentimos tanta falta deles assim. c
Habitamos o planeta dos paradoxos e deveríamos ser chamados de 'ser insatisfeito'. Nosso nada é tão nosso tudo que se repete continuamente, marcando-nos com saudades, pessoas e momentos que tem sua mísera essência - muitas vezes erroneamente - captadas por nossos sentidos. Nossas vidas são construídas somente em nossas mentes, tudo mais é reflexo.
Um comentário:
Muito bom, Thais.
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