segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Dona Espinho

Sigo andando olhando para baixo, observando anteriormente o caminho de uma vazia existência que seguirei. Minha vida anda em gerúndios, tudo começa, nada termina. Com quantos meios termos sou capaz de viver? Na teoria contabilizo vários. Sempre achei que poderia dividir-me entre vários e dar igual atenção, somente atenção, sem envolvimento. Tolo ponto de vista de quem é de água e acha que conseguirá não se apegar. Pode-se até se dividir, contudo gostará de cada milímetro daquilo que ocupar.

Ocupei e fui ocupada de diferentes maneiras. Diferentes pessoas. Diferentes lugares, posições e sexos. Diferentes pra mim é de dois pra cima e é exatamente esse número que tanto me aflige. Dois transformado em três. Três confusões e conflitos numa relação a três constituída de duas relações de dois. Sei, também acho confuso.

Demonstraram-me minha confusão mental como um ciclo vicioso em forma de um oito horizontal. Infinito. Minha dor psicológica tem a péssima mania de virar dor física. Dói tudo e o mundo gira a minha volta, enquanto vozes estridentes ecoam dentro e fora de mim.

Com quantas cabeças transtornadas e corações apertados sobrevive-se a uma confusão infinita? Tenho somente um de ambos, e um medo imenso. Medo de amar e ser amada, medo de relacionamentos. Sim, um enorme medo. O medo de sentir-me presa, assim como o da liberdade, tiram-me qualquer apreço por algo firme e pela total solidão.

Isso parece estranho e de fato o é. Não sei bem o que sou, nem o que quero, mas imagino que não seja eu a melhor companhia do mundo. Tudo que eu toco estraga. Tenho o incrível poder de afastar as pessoas de mim, tenho certeza absoluta que em algum momento farei isso com todos. E, então, seguirei andando a pisar nas vagens secas da rua - sempre tive essa mania. Dona Flor, enfim, retornará ao seu lugar no fim do livro: sozinha.

Um comentário:

Thaís Varela disse...

É bom você saber que esse medo não habita só o seu coração, mas o de muitos, Tha... Você só precisa se decidir qual dos dois amores te fazem mais feliz, melhor, e com quem você quer passar um pouco mais de tempo, dividindo mais coisas, antes nunca conhecidas.
Se solta!
Joga pro alto! Se voltar, é seu =)
Só tome cuidado para não machucar alguém que no fundo não é quem você quer longe, e tome cuidado também para não SE machucar (nada mais importante que isso). Tenho certeza que quando for a hora certa, você saberá decidir entre os dois... No fundo, a gente sempre sabe...
Beijocas