sábado, 12 de março de 2011

Do eu sozinho

O tempo passa, as crianças crescem e quando elas não querem mais crescer - não, mãe, eu não quero crescer -, o vem o mundo e as perguntas e as questões e a pressão e a vida não é uma questão de múltipla escolha. E junto vem o cansaço, o meu cansaço, não me canso da rotina, dos livros, dos cadernos, me canso de vocês. Mundo, eu aborto essa missão. Como eu posso pensar em alguma profissão, como eu posso pensar em rios de dinheiro, quando o amor é estuprado e jogado nas lixeiras juntamente com nossas crianças? Mandam-me ser sensata e pensar em mim e na minha vivência daqui pra frente e eu digo: pra que tudo isso? Não há faculdade para o que eu quero, mas há leis sobre o que eu admiro. Quem aqui já se apaixonou de verdade? Não acredito nesses nãos gerais, mas isso é arte. Arte de histórias, arte de música, arte de poemas, arte é sentimento, do mais ínfimo - que não existe - ao mais escandaloso - o mais puro exagero camoniano. É isso que eu quero! Mas da dança não mais usufruo, me restam as letras que ainda acho que sei escrever. Art is the best way to say fuck you to reality. E aí eu digo: como estudar a única coisa relacionada a saber escrever se ela me obrigará a ser mais conectada no mundo ainda? Eu assim nada seria, assim como ainda nada sou enquanto cumpro esse meu último ano de obrigação e rotina. O medo existe, mas o alívio sobressai. Há um momento em que toda a magia se esgota e se isso acontece é porque não há mais tanto amor. Vem e me diz o que aconteceu, aqui nada mais é o mesmo e a renovação é (im)precisa. Enquanto quero distância do mundo, quero um novo contato com uma nova parte sua a cada momento. E ainda que eu falasse a língua dos homens, ninguém me entenderia. Só João me entenderia. Só Renato me entenderia. Talvez Luís também.

E quem disse que se reinventar todos os dias para formar pessoas não é uma arte?

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