O mundo é muito louco. São tantas histórias, coincidências, acasos, encontros, signos, que eu quase não preciso de nenhum artifício a mais para me fazer viajar parada. Ou talvez precise, se quiser ir além, mas essa não é a questão de agora. Nunca sabemos nada. Como iríamos imaginar décadas atrás que o amor e o afeto seriam tão desprezados assim como são hoje? Que as pessoas se distanciariam, ficariam supérfulas e tentariam se consertar da forma mais errada possível? Toda relação interpessoal se tornou efêmera. E é cada absurdo que vejo por aí.
Tudo está tão louco que nem as leis da física estão sendo mais respeitadas. Cadê o atrito? As pessoas estão escorregadias. Não se consegue segurar ninguém muito tempo perto de si: se soltamos de mais, ela cai naturalmente; se apertamos muito forte, ela escorrega e pula de nós numa incrível velocidade. Estamos todos melecados do cinismo da nossa frieza com nós mesmos. E toda essa fornicação geral e vã representa ainda mais nossa característica cínica. Tentamos disfarçar a falta de amor usando a falta de respeito; queremos o sentimento e só ganhamos o corpo. Não existe mais um lugar onde o corpo encontre a alma, muito menos aquele onde dois corpos e duas almas se encontrem.
Não vou dizer que antigamente as pessoas se respeitavam mais, porque não era bem isso. No passado, elas respeitavam uma instituição que as faziam ser aparentemente respeitosas, mas o desrespeito sempre inundou nossa perdida espécie. Eu poderia virar aqui agora e falar que ainda há o respeito quando queremos, com quem queremos. Mas não serve pra porra nenhuma. Ou respeita, ou não respeita. A sociedade não é feita de exceções.
Bate uma tristeza quando penso que pessoas que valorizamos tanto se perdem e somem no mundo em algum determinado momento. Não deveria ser assim, deveria? Se for, por que valorizamos as pessoas? Com certeza são amigos que vão nos ajudar e nos ensinar a viver, mas, se eles se vão, por que sofrer tanto por eles se apegando desse jeito? As pessoas deveriam ter um imã e nunca mais se separar. Ainda não aprendemos a colecionar pessoas. Ainda não temos o poder de distribuir tanto amor assim. Tanta atenção. Como somos atrasados!
Aceitar essa nossa condição sempre me dói muito. Pensar que o mundo pensou que ia avançar com a tecnologia e acabou retrocedendo é deprimente, como diria o Claudão. Deprimente.
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