sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

E como curar a liberdade?

E quando eu pude, enfim, ter o mundo todo para mim, você olhou e eu estava com a cara triste, e então você perguntou com aquela sua cara de assustado e esgotado, como se eu tivesse sugado todas as suas forças e, por mim, você não pudesse fazer mais nada: você ainda quer alguma coisa?! Sim, você.

Hoje eu acordei meio revoltada por ter acordado. O telefone tocou 7 vezes, faltou luz e eu acordei no calor. O caminhar no silêncio até a cozinha me deu uma paz ao constatar que não tinha ninguém em casa e o ainda gelado vento da geladeira em minha direção me animou um pouquinho. O relógio me contava que já eram 14h. Mas o céu completamente limpo foi me deixando triste por não ter um segundo de sossego do sol, o ar quente me deixou triste por não dar nem um soprinho refrescante nas minhas costas ainda nuas de uma madrugada de calor, eu me deixei triste por ter ido embora de você e agora não ter colo, mesmo estando calor e eu detestando andar de mãos dadas nessa temperatura.

Quis beber alguma coisa. Não tinha cerveja, vai água mesmo. Deu vontade de falar mil palavrões a mais do que eu já falo por dia, de ler poesia, de declarar alguém para ninguém. Nunca liguei muito pra rimas e métricas, mas quando comecei a escrever sempre rabiscava uns versinhos de amor e saudade, aqueles sentimentos do dia a dia que por algum motivo gostamos de ostentar. Deu uma vontade também de ouvir um rock'n roll sujo, aquele bem de verdade. Alguma lésbica cantarolando o amor na MPB também era uma boa, porque elas sempre o cantam melhor que os homens e as mulheres, elas sim devem saber o que é amor de verdade.

E nesses versos, nessas melodias e nesses líquidos hidratantes, eu ia me fazendo da minha ressaca. A minha ressaca de mundo. Você bem que me avisou: liberdade em excesso faz mal. Dito e feito. Agora eu quero um colo e meu universo e palhetas de cores se transformaram novamente na sua camisa quadriculada. Isso tudo para que eu me sentisse romântica, uma menininha boba e quisesse voltar pra você. Para que eu escrevesse um pouco além de versinhos idiotas de início de escrita, mas que ainda ostentam os mesmos sentimentos tão corriqueiros e tão esbeltos. Para que eu fizesse parte de tudo isso de novo. E o meu tudo isso inclui eu e você.

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