sábado, 22 de janeiro de 2011

Você: de novo

E no meio de tanto caos dessa cidade, eu continuo em conflito comigo mesma. Tenho em mim um sentimento de paz que me diz a coisa exata que eu quero quando viro a cabeça pra direita; mas basta virar a cabeça para esquerda e trocar meia dúzia de palavras para essa certeza sumir. Lembro de desenhos animados de infância e me pergunto se com essa idade que tenho ainda posso ser uma princesa de contos de fadas que não decidiu se é a mocinha ou a vilã.
Queria ser as duas, desde que eu fosse a protagonista. A vida podia acontecer exatamente como num filme onde cada movimento é cronometrado pra que aconteça uma coisa boa na vida da personagem. Isso incluiria você. Você que faz a minha cabeça rodar e viajar e não ter a decência de decidir que lado quer. Você que me faz ficar como uma pré adolescente apaixonadinha e nervosa com o que vou dizer e com o que você disse, mesmo que não suas palavras nao sejam nada demais, mesmo que você não aja de acordo com isso que acabou de dizer. Na minha mente você é assim e isso pra mim basta. A minha mente é o meu filme. Eu só não consigo ser duas diferentes.

Por que nada nos satisfaz? As cortinas do meu quarto continuam fechadas para que a claridade não possa entrar e eu não veja que vida explêndida há lá fora. Você está lá fora. É para que eu não veja você, para que eu não corra até você. Falando assim, vão pensar que perco-me de amores por você. Tolo engano. Perco-me de amores pela liberdade que transmites a mim, pelas palavras e brincadeiras que dizes e falas, pela ideia de, contigo, não fazer o de sempre.

Eu amo o de sempre. Mas você sempre volta. O som solto de suas palavras abraça meus ouvidos e olhos e eu não consigo desviar o pensamento desses óculos pelos quais enxergas a liberdade mais que eu. Você me seduz com isso. Você tratou minha dor com isso. E me acariciou, alentou, você quase me roubou e me tirou dessa cidade, você conquistou minha admiração e desejo, sem saber que estava fazendo isso. Hoje, tenho certeza que sabes.

Com você, sou a vilã num mundo de festa, carnaval e sol. Sou vilã no Rio de Janeiro de verdade. Com o de sempre, sou a mocinha que quer construir uma vida, morar no inverno e que ama o que tem, embora, no fundo, sempre tenha querido ser a vilã. Aqui e agora, ouço as duas ou mais vozes que tem em minha cabeça e tento decidir qual é a mais correta. Hoje mesmo sentei no sofá e contei tudo isso em 20 minutos no telefone. Hoje, eu fiquei mais aliviada, mas não mais decidida.

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