terça-feira, 22 de junho de 2010

Auto-embriagues

Já era tarde. Bem tarde, aliás. Havia demorado 10 minutos para encaixar a chave no buraco da fechadura e agora mal conseguia escrever. Suas olheiras estavam fundas e negras. O cabelo, em pé. O corpo, sem vida. Os dedos tinha um cheiro insuportável de cigarro, juntamente com ela toda. Isso tudo era reflexo de uma decepção. Talvez a mais forte e pior de sua vida, um soco no estômago. Soco não, chute. Algo ruim mesmo. Mas, em algum momento, ela tinha esquecido. Sua mente estava tão alienada do mundo que ela ficava encarando o chão por minutos a fio, por mais que nada lhe passasse pelo cérebro. Seu único movimento era sentar perto da varanda com uma folha de papel, um lápis e uma xícara de café. Sua única ação foi olhar para o reflexo do café e escrever: Olha o que você faz comigo!

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