domingo, 5 de dezembro de 2010

Dia de domingo

O dia amanhece à base de carneirinhos: céu azul com certas nuvens em formato de algodão. O barulho dos pássaros ressoa, são 5:32h da manhã, numa ladeira da Zona Sul após uma noite não-dormida-mal-dormida, em cima de algumas almofadas ao som de estalos. E, quer saber, eu amo noites assim. Não só noites, como o amanhecer assim: sem carros, som dos pássaros, há pouco tempo ouvia-se cigarras. Mas se essa manhã fosse no meio de uma avenida engarrafada, eu adoraria estar ali observando os passantes.

Pergunto-me o que o mundo quer de mim, nessa noite onde tudo que eu fiz foi tentar respirar. Eu e todas as Thaises habitantes desse um metro e cinqüenta e quatro. A vida é uma velha escritora que fica andando de um lado para o outro fumando ansiosamente e pensando na sua literatura, enquanto nós transitamos por essa cena: somos a idéia genial e a guimba do cigarro. E eu não espero – e nem sei se quero – algo diferente da minha vida.

Mas tem vezes que bate a esperança de uma perspectiva diferente. Existe gente que consegue que uma tatuagem clichê e escondida de alguém de 16 anos se torne interessante só pelo simples fato de estar ali e ter um motivo para ela. E, mais que isso: eu consigo deixar certos medos de lado e ganhar um abraço de manhã, numa manhã solitária, quando tudo que eu queria era exatamente isso, e não só ter companhia no momento. Tolos alarmes em falso.

Companhia não tem sido o meu forte no momento, e nem precisa ser, me disseram. Mas também não vou me fazer de super autossuficiente e dizer que não quero ninguém comigo, odeio o amor, não quero carinho. Mas entre quem tá (com mil perdões) cagando e a minha companhia, eu prefiro a mim mesma, obrigada. Tenho às vezes uns surtos hermitões e vou para Botafogo ou Santa Teresa procurar sebos, brechós e pessoas que valham a pena serem olhadas. Admito, tenho certa paixão por Botafogo e Teresa. E tem vezes que eu entro em um e eu não sei se ele é muito agradável, ou é o dia, ou sou eu, mas eu perco todo meu tempo naquele lugar, e, não, não me resgatem de mim nesse momento, deixem-me me conhecer um pouco mais.

Ou então também cato por aí pessoas aleatórias e falo até elas encherem o saco. Hoje, então, conversei com seguranças de rua. E eu acho que eu me senti tão acolhida naquele amor pelo cachorrinho perdido, que eu até quis umas pulguinhas dele. Sabe, olhando pra frente e vendo artigos de Natal, chego a me perguntar se isso só acontece agora nessa época, mas não acredito muito nisso. Aliás, não sei nem o que pensar do Natal. Papai disse pra eu ler sobre isso deixar de ser desgarrada.

Não sei o porquê, mas o que era paz virou ansiedade. Komisch. E junto com ela, veio uma Kombi barulhenta acabar com a minha ilha de silêncio. Porra, por que tem Kombi às 6h da manhã de domingo numa ladeirinha sem importância?! Queria um cigarro agora. Eu andaria de um lado pro outro mexendo meus dedinhos e fumando, antecipando cenas da minha vida já adiantada. Mas a cortina balança no quarto resguardado, e essas esperanças se esvaem. Vou ver se arranjo pelo menos um café, ainda são 06:06h. Mas não recusava uma musiquinha clássica também não.

Bom dia de domingo para vocês também, passarinhos.

Um comentário:

Unknown disse...

euu gostei Thais (= hihi