Era uma sexta. Aquelas sextas fechadas e monótonas, ainda mais porque eu tinha aula no dia seguinte. Mas me mantinha inquieto: completava um mês que não fazia amor. Romantismo à parte, sexo pode - e é, muitas vezes - caracterizado como uma necessidade fisiológica básica. Exatamente como excretar, beber água e comer. Eu não era lá muito diferente das outras pessoas.
Sentei-me no sofá e fui ver se minha agenda telefônica me dava alguma esperança. Afinal de contas, amigas de verdade são para qualquer hora! Ou quase. Já exausto, no fim da lista e cansado da falsidade e superficialidade das amizades entre homens e mulheres, acabo encontrando o nome de uma amiga especial: Rafaella. Chamava-a apenas de Rafa, tamanha nossa intimidade.
Liguei-a pensando o que deveria falar. Precisava ter um bom papo e não deixar transparecer muito que ela seria usada como algum objeto a mais. Nem que brigasse comigo, e muito menos que perdêssemos o clima. Por fim, gastei todo o meu fôlego enchendo-a de teorias aéreas e vagas já citadas até que ela disse sim. Sim! Não foi um sim propriamente dito, ela ficou calada. Mas quem cala consente.
E consentiu. Foi incrível te-la uma hora depois em minha cama nua de suas roupas e julgamentos morais sobre o que estávamos fazendo. Não são todas as mulheres que consentem num sexo básico. Sem me gabar, mas a menina ficou boquiaberta quando me viu, como sempre acontece em nossos encontros.
O ato em si foi bastante satisfatório e acredito que deixou nós dois muito bem, o problema foi o depois. Aquele clima de silencio e constrangimento se instalou no quarto e eu não conseguia tira-lo. Tentei até puxar conversa, mas nada. Ela parecia não me escutar, nem muito menos assimilar as coisas. Amizade à parte, mas Rafaella nunca teve uma cabeça muito boa, cansei de falar com ela de sua cabecinha oca, mas parece que nunca me deu ouvidos. Nessa hora, foi provado a mim que sexo entre amigos não é uma ideia muito boa.
Após perdermos aquela energia pela qual o sexo se expressa, resolvi dar um basta naquilo. Dei um tempo e encerrei o encontro. Guardei tudo numa caixinha no armário. Com um ar meio desiludido e longe da minha satisfação pessoal, dobrei e guardei Rafa, minha boneca inflável.
Um comentário:
viu! é possível guardar seus amigos num potinho! :)
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