sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

I believe in yesterday

Era uma um dia primaveril atípico. Embora fosse realmente início de outubro, estava demasiadamente frio para o Rio de Janeiro e chovia de um jeito que não se via há um bom tempo. Com ass ruas alagadas, tudo se tornava um caos. Um péssimo dia para os cariocas.

Eu fugia da chuva, mas todo meu esforço ia em vão. Estava correndo na rua, escondida sob o capuz do casaco, quando passo por uma vitrine de uma loja de cd’s e dvd’s. Parei. A vitrine anunciava que todos os lp’s dos Beatles haviam sido transformados em cd’s, tudo em seu formato original, em homenagem ao aniversário da Abey Road. Fiquei encantada.

Entrei na loja e comprei o dvd de um dos últimos shows deles e fui para casa o mais rápido que pude. Não conseguia conter minha felicidade em poder ver, pela primeira vez, mesmo que por dvd, um show deles. Afinal, eram os Beatles. Cheguei e assisti maravilhada.

Aquilo me remeteu a uma nostalgia, mas uma nostalgia de um tempo em que não vivi. Os Beatles não são da minha época e passam muito longe disso, embora tenha crescido ao som deles. Essa falsa nostalgia era um sentimento estranho, como se algo de mim tivesse ficado pra trás e eu quisesse recuperá-lo, embora não tivesse vivido pra tê-lo.

No fundo acho que nunca quis pertencer a essa época que me encontro. Sempre senti como se quisesse voltar no tempo e ser da época deles, tendo, assim, a chance de ver tudo aquilo que não tive chances de ver agora nos anos 2000. Meus conceitos, minhas opiniões, meus gostos musicais e de roupas me remetiam a essa época, ao passado. Cresci embalada pelo que me contavam, pelas músicas que ouvia, pelas fotos que decoravam minha casa, sempre desse tempo.

Hoje, vivo ao som dessas músicas, vestindo as estampas, lendo as revistas de moda de um tempo longe. Tudo que sempre me contaram, me deixam, agora, com saudades desse tempo em que só existiu em minha mente. Essa falsa e sonsa nostalgia me faz acreditar que o passado nos pertence e sempre nos pertencerá e que, cada vez mais, as novas gerações buscarão nele suas inspirações. Obrigada, Paul, John, George e Ringo.

2 comentários:

Rodrigo Albergaria disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rodrigo Albergaria disse...

Será que em 2048 alguém terá essa nostalgia por não ter vivido o ano de 2010?

Talvez...