segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Doses de vazio de você

Confesso que não ando muito bem das pernas. Pernas, braços, cabeça. As coisas estão saindo do meu controle, eu não consigo conter essas palavras que por aqui teimam em passar. Quem dera que essas que passam por meus dedos saíssem de minha mente! Quem sabe assim estaria um pouco mais sã.

Soaria até clichê dizer aquilo que todos já sabem: solidão mata. Mata os neurônios, sobrecarregando os pobres coitados de excessivas sinapses que sou obrigada a fazer enquanto sozinha fico, já que nada melhor para passar o tempo tenho. Tu não sabes, menina, como dói andar com um alguém ao teu lado e sentir-se só. Desconfio que daquela solidão de andar totalmente desacompanhada - e não só em sua mente - já tenhas passado, mas, saiba: esta é muito pior.

Tenho ao meu lado aquela pessoa que olha pra mim e diz: vá pela direita sempre, porque, se fores pela esquerda, corre risco de perder-te em ti mesmo e não me achar mais. Engraçado como sempre fui pelo meio. Talvez seja por isso que hoje eu me apegue a comodidade, que me faz andar acompanhada, mas queira me libertar e, por que não dizer, seguir-te.

Chega a ser cômico como eu não consigo escrever nada que não seja relacionado a você. Mas eu tenho um grande palpite sobre o porquê: tu me roubas as palavras. E quanto mais espaço em mim elas deixam, mais cheia de você fico, o que me leva a querer gastá-las ainda mais. Você, sua ladra, rouba de minhas entranhas o que há de mais precioso em mim. Isso é tão sujo.

Estou cheia de erros de português, álcool no sangue e cinzas em mim. O que resta de mim além de todos os pensamentos que tenho sobre nós? Esqueci que tu comes conscientemente pedaços de mim que vou largando por ai, enquanto os vendo em troca de carinhos teus. Fazes um ato canabalesco, menina! E esperas o que? Aliás, espero o que? Faço essa pergunta todo dia em frente ao espelho e ele só responde: para amar o abismo é preciso ter asas. É, meu espelho lê Nietzsche.

Mas não é de amor que falo. Tu me prendes a atenção de forma que a paixão só o faz. Tenho me tornado uma inconstante suicida, que de insoluvel e passageira tudo tem. Mas não quero participar desse sistema hipócrita, não vou mudar - essa promessa já não é de hoje. Por você até mudaria, mas mudaria eles, e não a mim. Mudaria até você que se tacou nessa coisa mudana! E que exatamente por isso me deixou assim.

É possivel ainda ouvir o grito daquilo que ainda chama de mim. Somos várias células geladas clamando pelo calor de teu corpo, é melhor chamar-mos pelo sobrenome. Estou cansada de andar nesse meio, no olho do furacão, beirando as margens de teu corpo maravilho que se contrapõe com minha tênue linha de sobriedade.

Que saudades que sinto dessa você que já pude ter, mas nunca realmente tive! Que saudades que sinto da certeza de poder sentir teus cabelos já em meus dedos, embora ainda não o tivesse. Essa saudade me faz querer seguir pela esquerda e deixar de lado toda minha segurança em busca de uma boca que me fizesse calar. Vem, menina, cala minha boca com a tua. Quero fazer amor com as suas palavras, me encher de suas exclamações e prolongar nossas reticências. Quero que tires esses pontos de interrogação de mim.

4 comentários:

Ian disse...

Ahh, achei que você não ia postar esse.
Merece um palpite, só por causa do seu espelho culto, hahaha

Patricia disse...

Biologia?! Cê tá maluca! E olha que eu gosto de biologia...

Thais disse...

Hahahaha um pouco mais de biologia nunca faz mal a ninguém, dinda.. =)

Unknown disse...

As palavras saem muito naturais da sua pena, minha aluna. Quando lançar os primeiros livros, lembre-se do velho mestre:)