domingo, 30 de outubro de 2011
Alguma coisa com os Beatles
sábado, 8 de outubro de 2011
Brincar de saudades
Mas nada do que um dia me fez feliz pode ser verdadeiro. Convenhamos: tudo isso é altamente sujeito a modificações. Nosso cérebro tem o sujo poder de modificar nossa memória para que passemos a acreditar que tudo tenha acontecido do jeito que quisemos. Se o dia é bom, o passado era péssimo e tudo progrediu a passos largos. Se o dia for ruim, sai de perto, que o nosso pretérito - principalmente o imperfeito - era perfeito.
Brinco de sentir saudades. Na verdade, segredo: nada sinto. O saudosismo de tempos diferentes e com menos preocupações me agrada, mas o presente é um futuro passado e eu sentirei falta dele. Nunca achamos que exatamente aonde estamos, aonde vivemos e quando estamos seja bom. Nenhum desses momentos que achamos que sentimos falta são reais, e exatamente por isso sentimos tanta falta deles assim. c
Habitamos o planeta dos paradoxos e deveríamos ser chamados de 'ser insatisfeito'. Nosso nada é tão nosso tudo que se repete continuamente, marcando-nos com saudades, pessoas e momentos que tem sua mísera essência - muitas vezes erroneamente - captadas por nossos sentidos. Nossas vidas são construídas somente em nossas mentes, tudo mais é reflexo.
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Paráfrase ou paródia?
Observo olhares impressionados. As pessoas devem se esquecer que para se manter nesse abismo é preciso já muito equilíbrio, pois, do contrário, eu já estaria jazendo naquele asfalto duro. Aqui dentro há algumas e elas me chamam. Reluto e teimo em não ir - aqui fora me atrai mais. Eu sei que quando eles me chamam eles estão me amando. Quando querem me tirar do vento, do sereno e das chuvas de verão: eu sei que eles me amam nesses momentos. Querem me proteger, eu sei que querem o meu bem.
Quando eles tentam fazer com que eu sinta menos, me importe menos e vá colher flores com eles, eu sei que eles me amam e que eu tenho tudo pra ser como eles.
Mas acontece que sou triste.
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Dona Espinho
Ocupei e fui ocupada de diferentes maneiras. Diferentes pessoas. Diferentes lugares, posições e sexos. Diferentes pra mim é de dois pra cima e é exatamente esse número que tanto me aflige. Dois transformado em três. Três confusões e conflitos numa relação a três constituída de duas relações de dois. Sei, também acho confuso.
Demonstraram-me minha confusão mental como um ciclo vicioso em forma de um oito horizontal. Infinito. Minha dor psicológica tem a péssima mania de virar dor física. Dói tudo e o mundo gira a minha volta, enquanto vozes estridentes ecoam dentro e fora de mim.
Com quantas cabeças transtornadas e corações apertados sobrevive-se a uma confusão infinita? Tenho somente um de ambos, e um medo imenso. Medo de amar e ser amada, medo de relacionamentos. Sim, um enorme medo. O medo de sentir-me presa, assim como o da liberdade, tiram-me qualquer apreço por algo firme e pela total solidão.
Isso parece estranho e de fato o é. Não sei bem o que sou, nem o que quero, mas imagino que não seja eu a melhor companhia do mundo. Tudo que eu toco estraga. Tenho o incrível poder de afastar as pessoas de mim, tenho certeza absoluta que em algum momento farei isso com todos. E, então, seguirei andando a pisar nas vagens secas da rua - sempre tive essa mania. Dona Flor, enfim, retornará ao seu lugar no fim do livro: sozinha.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
2 + 2 = 3
Contudo, num dado momento, o acaso veio a surpreender. De uma forma inusitada, um forte olhar na dança, um par de olhos castanhos vieram a seu encontro. Acaso, muito acaso mesmo daquela aleatoridade que reagia-lhe a vida. Os olhos expressivos gritavam além do que a boca permitia dizer. De primeira, fortes; mas depois tornaram-se amigáveis. Os cabelos longos e castanhos - embora ainda ache eu um diferente tom de loiro - demonstravam o oposto daquilo que posteriormente chegaria a conhecer. Tudo aquilo era novidade: pessoa, idade, cheiro. Perdia-me, sem perceber, de minha rota. Que rota? Não sei. Mas o novo era atrativo, chamava, divertia, quase que implorando minha participação.
Comecei rindo de minha própria sorte. Mal ou bem, mantinha perto de mim o novo e o velho; a brincadeira e..bem, a brincadeira. Não mantinha nada sério ou ao menos queria algo sério. Estou escutando um homem falar sobre amar avião e ter medo de voar, e assim me sinto eu: quero o amor e o carinho, mas sem relacionamento. Dava certo. Dava emoção, adrenalina, frio na barriga. Se queria certeza e carinho, corria pro velho apartamento já conhecido; se queria mais carinho e um entendimento quase perfeito, o cheiro me guiava até o bairro arborizado. Egocêntrico, eu sei. Babaca, eu sei. Escroto, medroso, errado. Eu sei, mas não sou de ferro, queria carinho, sou gente. Era bom. Tempos em que a fantasia e a realidade se misturavam, mas sonhos não duram muito - principalmente aqueles que vivenciamos.
Prometemos não nos envolver, aquilo era um jogo. Uma vida de adulto vivenciada por duas crianças que, tolas, não sabiam o terreno que pisavam. Ouvíamos alertas, mas quem disse que dávamos atenção? Nada. Tempo, conversas, mensagens, dinheiro, dinheiro, dinheiro e um pai reclamando da conta de telefone. Havia alguns surtos - sempre há quando tratamos dessas duas pessoas -, mas juntas os sorrisos venciam. Pelo menos o meu. Contava nos dedos pobres e úteis das mãos as vezes em que houve algum encontro sem preocupação. O resto era no perigo, proibido e escondido. Escondido de nós mesmas, só se for. O mundo via aquilo que não vimos. Os seres humanos, quer dizer, corrigindo, as mulheres humanas tem um perfeito dom de se apegar àquilo que lhes faz bem. A aproximação era inevitável e tinha gostinho de travessura. Era uma travessura, mas de gente grande. Só que travessura em algum momento machuca e magoa o outro.
Eram três. Eu, cá de minha confortável e egoísta posição, pensava que eram apenas dois e esquecia que todos nós juntos formávamos três. Havia uma conversa, uma situação até estranha, porém tolerável. Mas aí veio o ciúmes, discreto e devagar como duas simples letras numa conversa - hm. E cresceu, junto com ele, o envolvimento. De quem? Todos. Mas três não é par e num universo de pessoas carentes, a junção nunca poderia dar certo. Surpreendo-me com todas as minhas reações nesse novo universo. Surpreendo-me por algo, dessa vez real e tangível, ter desviado minha atenção. Pergunto-me agora como pensamos que daria certo. Pergunto-me como achamos que não nos envolveríamos. Perguntam-me como aguentamos tudo isso. A resposta é simples: era tudo brincadeira. Somos todos crianças e de uma hora pra outra, no compasso de um sentimento, tivemos que crescer.
Aqui dentro deu um nó. Aqui dentro tem um nó. Eu sou covarde. E, assim como não consigo terminar esse texto, não consigo terminar essa história.
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Paranoia
O "4" já não a ajudava mais. Havia apelado à Renato, mas chorava sempre que o ouvia e achava que nem sempre o choro é a solução. Bobinha, qualquer forma de expurgar sentimentos vale nesse mundo onde ninguém tem a coragem de dar um sorriso na rua. Saía a rua e adentrava casas antes nunca imaginadas e se sentia estranhamente bem com aquilo. Misturava-se aos outros, confundia-se com as pessoas sem o medo são de perder suas verdades no meio de todas aquelas mentiras convincentes, mas de que importa? Cada um de nós é uma pequena parte de outro cada um e isso é o que chamamos de relações ou até mesmo amizade. O jeito era se jogar nessa nova realidade sem olhar para trás.
Ela olhava. Rezava incessantemente para que fizessem daquele mês de julho, dezembro. Chorava todas as vezes que pensava nisso. Se perguntava - perguntava a todos! - o que havia acontecido: nada lhe diziam. A vida muda muda e ninguém percebe, menina. Isso tudo aqui em que você vive é um diálogo incessante entre o destino, a vida e a morte e você não tem direito de ouví-lo. Você vai perder as pessoas daquele dia. Tudo aquilo que antes - ou que talvez ainda hoje - parecia importante para você se resumirá a um grão de areia. Você virará um composto de átomos mais sem importância do que já é hoje. Nada terá valor. Mas os instantes, ah os instantes, menina, esses permanecerão cravados nos miasmas da cidade. São eles que curarão sua tuberculose, quando esse pulmão estiver cansado de respirar toda essa melancolia.
Acredito que essa moça gostava disso. A tristeza que a consumia era o combustível para suas idas ao psicólogo e para os seus passeios sozinha. Embora o doutor nada a ajudasse, era um ouvido a mais - e quem sabe o único. Triste pensar que só quem te ouve é aquele que é pago para isso. Contudo, junto com as consultas vinham de brindes idas ao café ou à sorveteria - esse tempo é imprevisível - para falar de amor. Estava tentando parar de fumar, mas não resistia a uma cena bem montada. Gostava de andar cá por cima e sentar para escrever, enquanto aproveitava seu cigarro: era uma de suas terapias. Curtia até uma boa companhia, mas nenhuma daquelas vozes exageradas. Gostava da paz que o silêncio e o fumo a proporcionavam. Nada demais, só paranoia.
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Diz que ainda vem pra mim
Você nunca foi minha, eu sei disso. Mas eu não sei se você sabe que o mundo em que eu sempre vivi não é esse aqui e que no meu mundo, você era minha, sim, e era a mais feliz de todas as mulheres. A mulher dos mais belos e garços olhos. Embora lá eu tenha vivido alegre, essa felicidade ainda não chegou aqui - e é a esse mundo que você pertence. E eu te perdi, ah, eu te perdi exatamente naquele momento em que eu mais acreditei que você poderia ter sido minha, que você cederia e viria para o meu lado: cheguei atrasada demais. Você já era dele. De novo.
Assim, você se foi. Mas um maldito pedacinho seu ficou cravado em minha mente e meus olhos e às vezes por metástase ele se aloja no músculo cardíado. Só que, você sabe, eu mudo mais que a lua e já acredito que esse pedacinho ter ficado foi uma boa ideia. Eu não suportaria a ideia de você ir. De eu ficar sozinha. De eu não gostar de ninguém. De eu não sofrer por ninguém. Aquela velha frase "tudo passa" é caquética. Tudo passa e você vira o que, cinzas? Eu seria alérgica a você e, convenhamos: essa é a última coisa que eu quero. Minha felicidade depende dos outros, seja meu sentimento e relação pelos outros qual foi - amor, dor. A ideia de que você um dia veio, aqui permaneceu me marcando a ferro e fogo por meses e num belo momento nada mais será é absurda. Ninguém vira nada, por menor que seja. E olha que você é igual uma joaninha.
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Senhoras da orla
e das coberturas da Barra
as madames olham:
Mas que absurdo isso aqui na minha praia!
Isso aqui são elas
Independentes, trabalhadoras
Roupa curta salto alto
Mas.. quem é que não usa?
Ora, isso aqui é Rio!
Cidade Maravilhosa, Garota de Ipanema
Praia sol calor turismo
Liberdade..
Biquininhos em mulherões
Olhem-me, vejam-me!
Conheçam-me, toquem-me!
Comam.. mas peguem leve
Que aqui é quente o ano todo
Ei, madames da praia!
Vocês que gostam da vista da sua varanda
Cuidem dela
Que ela cuida do nosso astral
E a gente,
da sua economia
sábado, 28 de maio de 2011
Cicloiô
sábado, 21 de maio de 2011
Diálogo de uma manhã de quase inverno
- Mas pra quê?
- Porque eu poderia olhar para você o dia todo..
- E aí ficaríamos juntos pra sempre?
- Não, só em épocas sem Natal, porque no Natal você ficaria lá na sala, na árvore.
- Mas como eu vou comer?!
- Eu te dou comida, eu cuido de você.
- Aí vai sempre pra sempre?
- Pra sempre..
domingo, 1 de maio de 2011
E ainda tento ser
sábado, 23 de abril de 2011
Amor: sonho
-Você é tão nova e tão bonita, por que bebe tanto?
-Porque quando eu tô bêbada, eu não sonho.
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Revolta do não-pensar
que trava, que manda.
Fui fazer medicina,
papai quem mandou.
Mas esse não é o problema,
nem da vida, nem da morte.
O problema é meu cérebro,
já dizia a titia.
Tenho 25 anos,
não de sonho, nem de sangue,
mas de alguém que nunca fui.
A vida que sigo, babá que ditou,
cuidava de mim, olhava pra mim, me fazia comer,
a televisão.
Papai trabalhava, mamãe trabalhava, mamãe reclamava,
na dupla jornada de quem pari,
e eu, pobre menino de interior de metrópole,
largado às vistas da raça superior.
Virei uma máquina contraditória na vida,
uma fordista de última tecnologia,
sou filho dos donos do mundo!
Sou toda a população.
Mas taco isso num barco,
não sou metonímia, sou metomim,
meto o dedo, meto o olho.
Olho de longe tudo,
cadê papai, cadê mamãe?
O dinheiro 'cabou,
vendi a tevê,
e agora o que vou fazer?
Paro e penso,
penso e paro.
Viro bcho, viro bicha,
viro quem eu sempre fui.
Não sou doutor, não sou ninguém,
sou biólogo, sou poeta,
pro desgosto do papai.
Não sei do amor, nem da ciência,
não tenho nada a falar,
mamãe, não se vá.
E pra quem disso gostar,
não sou sábio, nem sou mestre,
mas um conselho vai bem a calhar.
Meu amigo, pense bem,
a solidão é minha amiga,
e disso você não vai gostar.
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Intertextualidade reflexiva
sábado, 12 de março de 2011
Do eu sozinho
E quem disse que se reinventar todos os dias para formar pessoas não é uma arte?
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Fim das férias
Cadê você nessas horas?
As férias de conhecimento, letras e curiosidades acabaram e o começo de uma frustração em forma de tempo tem me deixado abatida, juntamente com as pessoas. O ser humano é feio, pelo menos é mais feio do que a concepção que eu faço sobre cada um deles. E com o fim da encenação veranesca as pessoas tem ressurgido - e eu prefiro os personagens.
Não consigo ver você. És bonito ou ainda me decepcionará, como sempre fazem?
Sei que nessa visão me machuco com as pessoas sempre mais, mas vejo na maior parte do tempo a beleza de um dia, se não apaixonado, amoroso. E a ideologia é o óculo por onde vemos a vida: não adianta discutir, cada um tem a sua. Todos tem a sua, não há quem não veja o mundo de alguma forma, não há ser humano a-idealista. Mas ninguém é tão cego e rígido que não possa se movimentar ou pelo menos dilatar. Toda matéria concreta é um monte de vazio reunido. Ninguém tem resposta ou opinião para todos os casos e perguntas.
Venha logo. Essas pessoas me enojam e enjoam.
Sempre atitudes e atividades egoístas e egocêntricas de quem já passou do estágio de só olhar pro próprio umbigo e chega a ser má, enquanto apenas me pergunto o porquê disso. Mas o bem e o mal não existem e estão dentro de nós mesmos. A maldade se mistura na população para ficar escondida e poder agir. E eu vou me afastando. Sem pessoas, sem ninguém. A minha exclusão voluntária é resultado do grau absurdo das pessoas, enquanto elas pensam que a causa é a minha introspectividade: o fato em si não existe, existe a construção do fato. Mas o afastamento me permite limpar os óculos e enxergar tudo com mais clareza.
Vejo algo. Alguém.
E o ressoar do seus passos vão fazendo todos aqueles terremotos aéreos e vão balançando os meus dois tímpanos tão rápidos quanto as batidas do meu coração em desespero para ver você. O susto desse momento vale mais do que qualquer conselho ou descrição que poderiam me dar e eu não sei o que fazer com minhas pernas bambas. Observo e é alto. É branco. Não tem máscara, não tem fantasia, não tem nenhum teatro que não seja da vida - o inevitável. Não tem a beleza do comum, mas a beleza do perfume de si chegando vagarosamente às minhas narinas. Não tem mais chance. Não tem como fugir. Não tem distância.
Chegou.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Carta pra você: vem
Volta, meu bem, volta. Vem voando mais rapido que o avião, mais veloz que a burocracia. Volta que do lado de cá desse mundo tem muita praia pra você também, mas com menos tubarão. Volta que aqui tem um monte de gente de cabelo curtinho esperando por quem tem também. Volta porque aqui tem muita salada e dias perfeitos pra você. Volta pro seu carnaval, passarinho, abra suas asas aqui. Vem.
sábado, 22 de janeiro de 2011
Você: de novo
E no meio de tanto caos dessa cidade, eu continuo em conflito comigo mesma. Tenho em mim um sentimento de paz que me diz a coisa exata que eu quero quando viro a cabeça pra direita; mas basta virar a cabeça para esquerda e trocar meia dúzia de palavras para essa certeza sumir. Lembro de desenhos animados de infância e me pergunto se com essa idade que tenho ainda posso ser uma princesa de contos de fadas que não decidiu se é a mocinha ou a vilã.
Queria ser as duas, desde que eu fosse a protagonista. A vida podia ac
ontecer exatamente como num filme onde cada movimento é cronometrado pra que aconteça uma coisa boa na vida da personagem. Isso incluiria você. Você que faz a minha cabeça rodar e viajar e não ter a decência de decidir que lado quer. Você que me faz ficar como uma pré adolescente apaixonadinha e nervosa com o que vou dizer e com o que você disse, mesmo que não suas palavras nao sejam nada demais, mesmo que você não aja de acordo com isso que acabou de dizer. Na minha mente você é assim e isso pra mim basta. A minha mente é o meu filme. Eu só não consigo ser duas diferentes.
Por que nada nos satisfaz? As cortinas do meu quarto continuam fechadas para que a claridade não possa entrar e eu não veja que vida explêndida há lá fora. Você está lá fora. É para que eu não veja você, para que eu não corra até você. Falando assim, vão pensar que perco-me de amores por você. Tolo engano. Perco-me de amores pela liberdade que transmites a mim, pelas palavras e brincadeiras que dizes e falas, pela ideia de, contigo, não fazer o de sempre.
Eu amo o de sempre. Mas você sempre volta. O som solto de suas palavras abraça meus ouvidos e olhos e eu não consigo desviar o pensamento desses óculos pelos quais enxergas a liberdade mais que eu. Você me seduz com isso. Você tratou minha dor com isso. E me acariciou, alentou, você quase me roubou e me tirou dessa cidade, você conquistou minha admiração e desejo, sem saber que estava fazendo isso. Hoje, tenho certeza que sabes.
Com você, sou a vilã num mundo de festa, carnaval e sol. Sou vilã no Rio de Janeiro de verdade. Com o de sempre, sou a mocinha que quer construir uma vida, morar no inverno e que ama o que tem, embora, no fundo, sempre tenha querido ser a vilã. Aqui e agora, ouço as duas ou mais vozes que tem em minha cabeça e tento decidir qual é a mais correta. Hoje mesmo sentei no sofá e contei tudo isso em 20 minutos no telefone. Hoje, eu fiquei mais aliviada, mas não mais decidida.
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Quem fala é o doutor
Eu achava que não havia sentimentos sem palavras. Mas há vida longe delas.
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
E como curar a liberdade?
Hoje eu acordei meio revoltada por ter acordado. O telefone tocou 7 vezes, faltou luz e eu acordei no calor. O caminhar no silêncio até a cozinha me deu uma paz ao constatar que não tinha ninguém em casa e o ainda gelado vento da geladeira em minha direção me animou um pouquinho. O relógio me contava que já eram 14h. Mas o céu completamente limpo foi me deixando triste por não ter um segundo de sossego do sol, o ar quente me deixou triste por não dar nem um soprinho refrescante nas minhas costas ainda nuas de uma madrugada de calor, eu me deixei triste por ter ido embora de você e agora não ter colo, mesmo estando calor e eu detestando andar de mãos dadas nessa temperatura.
Quis beber alguma coisa. Não tinha cerveja, vai água mesmo. Deu vontade de falar mil palavrões a mais do que eu já falo por dia, de ler poesia, de declarar alguém para ninguém. Nunca liguei muito pra rimas e métricas, mas quando comecei a escrever sempre rabiscava uns versinhos de amor e saudade, aqueles sentimentos do dia a dia que por algum motivo gostamos de ostentar. Deu uma vontade também de ouvir um rock'n roll sujo, aquele bem de verdade. Alguma lésbica cantarolando o amor na MPB também era uma boa, porque elas sempre o cantam melhor que os homens e as mulheres, elas sim devem saber o que é amor de verdade.
E nesses versos, nessas melodias e nesses líquidos hidratantes, eu ia me fazendo da minha ressaca. A minha ressaca de mundo. Você bem que me avisou: liberdade em excesso faz mal. Dito e feito. Agora eu quero um colo e meu universo e palhetas de cores se transformaram novamente na sua camisa quadriculada. Isso tudo para que eu me sentisse romântica, uma menininha boba e quisesse voltar pra você. Para que eu escrevesse um pouco além de versinhos idiotas de início de escrita, mas que ainda ostentam os mesmos sentimentos tão corriqueiros e tão esbeltos. Para que eu fizesse parte de tudo isso de novo. E o meu tudo isso inclui eu e você.